22 março 2008

Água: 39% é desperdiçada antes de chegar ao consumidor

Levantamento realizado pelo Ministério das Cidades aponta que antes mesmo de chegar ao consumidor, 39,8% da água produzida é desperdiçada. E isso acontece, entre outros fatores, devido à idade e ao estado precário da tubulação urbana.
"Seria necessária a substituição de todo o sistema em São Paulo, mas é uma obra cara e que renderia poucos votos", disse o técnico em geologia do Centro de Pesquisa de Águas Subterrâneas da USP, Fernando Augusto Saraiva.

Já nas residências, o banheiro é o responsável por 63% do consumo, segundo a Agência Nacional de Águas (ANA). Para reduzir pela metade esse gasto, é necessário substituir torneiras, chuveiros e sanitários por itens que diminuam a saída de água.

A bacia sanitária e o chuveiro consomem juntos mais da metade de toda a água gasta em uma residência. Segundo o Programa de Uso Racional da Água (Pura), promovido pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo(Sabesp), a troca de uma torneira convencional por uma com restritor de vazão, que diminuiu a saída de água, reduz em até 70% o consumo.

Um acordo entre a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e as empresas fabricantes de itens sanitários como vasos e torneiras em 2003 prevê que todos os vasos produzidos a partir desta data tenham o dispositivo economizador de água. No entanto, apenas as residências recém construídas ou reformadas optam pelos equipamentos mais modernos.

A Sabesp estimula a troca de vasos, torneiras, chuveiros, mas não prevê nenhum incentivo financeiro a quem adere à iniciativa. Com isso, a adesão dos usuários residenciais acaba sendo baixa. Por mês, apenas três condomínios procuram o Programa de Uso Racional da Água (Pura), promovido pela Sabesp, para se adequar a uma redução no consumo.

Consultor em programas de uso racional da água, o engenheiro Paulo Costa afirma que a falta de uma política de racionalização do consumo reflete a pouca pressão que a sociedade exerce quando o assunto é economia de recursos hídricos. "O poder público só se mexe quando a sociedade cobra atitudes concretas, como um incentivo direto à economia de água", afirmou.

ProgramasProgramas de incentivo à troca de equipamentos hidráulicos domésticos foram aplicados com sucesso em cidades como Nova York, onde 1,3 mil bacias economizadoras foram instaladas, disse o consultor. "A prefeitura pagou uma soma em dinheiro para cada sanitário convencional comprovadamente substituído por um com bacia economizadora", afirmou Costa. Um sanitário convencional gasta, de acordo com ele, de 12 a 15 l de água a cada acionamento. Um equipamento dos novos, metade disso: 6 l. Resultado: bairros como o Harlem reduziram em 50% o consumo doméstico.

Segundo a Sabesp, um dos casos de maior sucesso em São Paulo é o da escola Estadual Fernão Dias Paes, na zona oeste da capital paulista, que reduziu em 94% o consumo de água. Antes da aplicação no Pura, gastava R$ 37.440 por mês em água. Hoje, a conta é de R$ 2.250.

Redação Terra

Nenhum comentário: